segunda-feira, 17 de março de 2014

Levar a vida ou deixar a vida nos levar?

Semana passada resolvi ler o livro da paulista Regina Rheda, "Humana Festa".
Comprei este livro há mais de dois anos em uma feira de livros e a sinopse dá uma ideia muito simplista do livro, como se fosse um romance sobre veganismo e a defesa dessa filosofia, de forma palatável.

Para minha surpresa o livro é muito mais. A autora constrói uma história onde faz uma autópsia da cultura brasileira, especialmente do campo, das diferenças e lutas entre classes sociais e também retrata o MST com cestas básicas do governo federal.

Não bastasse, retrata políticas americanas sobre a caça e o modo ativista e vegano de ser.

Tanto nos EUA como aqui os "ativistas" vivem às custas de heranças, auxílio governamental, ou alimentados por rancores de ter menos "dereitos" que os patrões, e com isso cuspir na comida destes e praticar atos de vandalismo são consideradas "ações diretas". 

Considero este um romance que disseca a sociedade atual, os contornos dos nossos problemas sócio-culturais, e demonstra que a solidariedade e tolerância passa longe dos nossos ideais de convivência, e estamos sempre acreditando que os outros estão em dívida conosco e que somos melhores do que valemos e pesamos.

Mostra pobre e ricos, cada um nos seus mundos e também o que nos torna mais ricos ou pobres, independente da condição social ou do dinheiro na carteira. Retrata nossas interações, conceitos e preconceitos de parte a parte.
Isso se o leitor não for tendencioso e ler toda a obra, lógico.
Uma pena que este é um livro, que induz pessoas mal-intencionadas a acreditar que "melhor é sua causa".

Regina Rheda foi uma grata surpresa. Passa a impressão que conhece muito do que escreve.
Recomendo a leitura, sem ranços ideológicos, mas como um retrato de nossos tempos.

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"Um sonhador é alguém que só consegue encontrar seu caminho à luz da lua, e seu castigo é ver o amanhecer antes do resto do mundo" Oscar Wilde