2013 foi um ano de muitos hoteis e muitas camareiras, daí a curiosidade de ler este pequeno romance, que sem dúvida é perturbador.
Fácil de ler, é intrigante espiar esta mulher escondida em um trabalho que lhe permite entrar na vida dos outros sem ser percebida.
É perturbador perceber que muitas vezes vivemos a nossa vida empenhados mais nas entranhas das vidas alheias do que nas nossas próprias e mais preocupados nas verdades e soluções para os outros do que para nós mesmos.
É um romance doido que provoca nossa sanidade, ou vice-versa.
Eu gostei, realmente gostei, e ora examinei meu comportamento como hóspede, ora imaginei a presença desta camareira invadindo minha privacidade. E também me permiti sair do hotel com Linda e espiá-la na sua casa, nas suas rotinas, telefonemas e jeito de pensar e desejar ou sonhar sem muita convicção.
É um livro para reflexões, como o do autor francês que li antes, mas aqui a ideia é concentrar na solidão, no isolamento, no vácuo entre o que é real e o que é imaginário e na ausência de respostas no presente, único espaço permitido para limpar ou sujar.
P.S.: A propósito do tema, costumo abandonar roupas nos quartos de hoteis e de navios. Acredito que ainda não escreveram nada a respeito.
Justifico como desapego, ou desesperada necessidade de abrir espaço na mala para as novas aquisições.
Agora reflito que estas roupas deixadas por aí podem gerar muita confusão quando descobertas.
Recebo e-mails de alguns dos hoteis pedindo para responder sobre a estadia, mas jamais nenhum alertou meus "desapegos" como "achados".
Nesta última viagem deixei propositalmente o vestido de festa do ano novo e agora caiu a ficha que talvez não fique para a camareira. Talvez ela tenha que entregar na recepção ou para a sua chefia imediata. Deixei gorjeta e o vestido em lugares distintos. Lendo este livro me dei conta que deveria ter deixado um bilhete.
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"Um sonhador é alguém que só consegue encontrar seu caminho à luz da lua, e seu castigo é ver o amanhecer antes do resto do mundo" Oscar Wilde