terça-feira, 30 de abril de 2013

Hidroterapia com chá de Marcela



Comprei  de um agricultor um ramo enorme de Marcela. 
Marcela ou Macela é uma planta medicinal que é colhida tradicionalmente na semana da Páscoa na região Sul e Sudeste do Brasil .
Quando eu era criança qualquer indisposição estomacal, intestinal, ou tosse ou espirro ou fosse o que fosse lá vinha o maldito chá de marcela. Não conhecia ninguém, além de alguns adultos doidos (e esses moravam na minha casa), que gostassem.
Passada a aversão, ano passado redescobri esta florzinha, e descobri que não tem qualquer contra-indicação e que realmente cura tudo. A danada da Marcela tão odiada pelas crianças é milagrosa sim!
Como tenho um ramo imenso resolvi fazer um super chá ontem depois da academia e coloquei na banheira.
Resultado: saí super bem, relaxada e nem quis jantar. Dormi muito e acordei bem disposta.

A marcela tem muitas propriedades medicinais entre elas antinflamatória, analgésica e sedativa(confirmo!). 
Para essa época do ano de variações de temperatura é ótima para resolver os desconfortos das vias respiratórias (rinite, sinusite, etc). 

Vou adotar este banho terapêutico ao menos uma vez por mes para aproveitar o meu imenso bouquet cheiroso.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Mais uma semana ainda em abril

Abril está sendo um mês longo não é impressão exclusiva, posso afirmar.

A sensação foi esquisita. Depois de muitos anos de corre-corre com meses rápidos, sem tempo para se organizar, abril veio com este ritmo de tempos antigos, onde tudo se acomoda com calma.

Já vi gente com pressa de vê-lo pelas costas. Até eu já olhei várias vezes para a agenda. Quero fazer logo o que tem que ser feito em maio, em junho e por aí afora. Comecei o ano com pressa e os primeiros meses nem senti passar.
Daí puxo e freio e sorrio para Abril. Ontem o sol outonal dourou minha pele em uma caminhada pela praia de mais de 3 horas, que nem senti. Abril é um tempo infinito, um prazer sem definição. Quando voltei para casa estava tão serena, tão feliz daquele contato pela areia e água, que nem fome sentia. Inesquecível domingo, será o recheio da minha semana. Inesquecível os debates que travamos enquanto caminhávamos em meio a pássaros e um único pato perdido da migração, sobre nossos rudimentares conhecimentos sobre as espécies com penas. Rimos muitos fincando pé nas nossas "certezas", e no retorno o Google, atual pai dos burros, clareou as distinções, não sem antes permitir novas risadas com outras teses mais criativas sobre o assunto.

Hoje chove aqui na cidade e a vida prossegue com energia renovada para se despedir de Abril, mas sem pressa, importante lembrar!


sábado, 27 de abril de 2013

Desafios: um por vez!

Terminei ontem a leitura do livro "The history of the English Language" e saí assim, arrepiada, ouriçada mesmo.

Livros com dados históricos sérios, sem ideologia, fazem pensar (os com ideologia também se se tem um pouco de noção dos fatos distorcidos).

Eu já sabia que a língua inglesa tinha pedido emprestado suas palavras daqui e de lá, mundo afora, e que até hoje ainda está acrescentando uma infinidade de palavras novas, a desafiar alunos como eu. Mas viajar pela história, pela construção disto tudo foi uma experiência singular.

No início, antes de Cristo, a língua era apenas falada (com as tais palavras emprestadas) e ainda assim não de modo uniforme, porque haviam várias dialetos.
O fascinante de tudo isso é que ainda nos dias de hoje tem várias formas de se falar inglês, diversos sotaques, que modificam até o significado das frases, mas todos procuram se entender e absorver as diferenças. Um livro grandioso, apesar das poucas páginas (88).

Tenho que apresentar este livro em classe antes de viajar, em apenas 5 minutos. Um desafio a ser vencido , mas ainda tenho tempo.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sabedoria do corpo

Ontem fui ao oftalmologista. Descobri por ele que desde 2008 não fazia uma revisão. Acontece que me sentia bem, ano passado fiz a renovação da CNH e a acuidade visual estava muito boa, ao contrário daquela de 2008, quando trabalhava muiiiito e quase não relaxava.

Resultado da avaliação médica: a visão para longe está quase perfeita e para perto aumentou, o que vai fazer com que me responsabilize com mais eficiência aos exercícios para os olhos. Quanto ao desconforto em um cantinho de um dos olhos? Apenas cansaço, que deve ser administrado. Ainda não decidi se farei lentes novas.

Ontem recebi o livro da foto e já devorei, e ao final me emocionei com o pósfácio da filha de Kim McMillen, co-autora. Logo após terminar o livro Kim faleceu aos 52 anos de idade, de forma súbita. Provavelmente completou sua missão e o livro passa essa ideia, valendo muito a pena retê-lo na cabeceira e relê-lo para revisar nossos comportamentos diante da vida.

Para estes últimos meses, esta reflexão é uma luva:

"Quando me amei de verdade,

comecei a ouvir a sabedoria do meu corpo. Ele fala claramente através do cansaço, das sensações, das antipatias e dos desejos."
(p.81)


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Novo dia, novos desafios!



Se eu acreditar que posso fazer algo, metade da batalha já está vencida. O restante é trabalho duro.


Fiz minha primeira prova de alemão do semestre ontem e estou revisando os conditionals no inglês, enquanto ao menos uma vez por semana repasso os tempos verbais em italiano e toco a vida em português.

Não disse que é fácil, mas eu acredito que com muito esforço e dedicação pode ser cada vez melhor.



"If you believe you can do it, that's half the battle won. The rest is hard work." (Robyn Astl - magazine Fairlady, May 2013)

terça-feira, 23 de abril de 2013

As aventuras de Pi - um filme para rever

Assisti finalmente o filme "As aventuras de Pi" baseado no livro de Yann Martel.

Não li o livro e provavelmente não lerei, considerando não ter como ler todos os livros que quero ler, mas o filme posso rever e farei isto em breve.

O filme apesar de longo não é cansativo como tinha lido na crítica.

Pi encontra muitos obstáculos desde a infância e vai aprendendo a enfrentar as dificuldades sempre aberto para o novo e em busca de Deus, pelas mais variadas crenças.

Pi representa a inocência, em seguida a ingenuidade e por fim a maturidade do ser humano - não necessariamente sempre na mesma ordem.

É um filme imperdível e realmente emocionante do começo ao fim. 





segunda-feira, 22 de abril de 2013

A vida ensina

Há pouco tempo aprendi que por melhor que seja a intenção, tentar convencer outra pessoa de que a minha experiência pode ser uma boa opção para compartilhar ou sugerir, no mínimo é perda de tempo.

Aprendi que só se partilha com quem precisa, e que quem realmente precisa pede o que necessita.

A vida também ensina que é preciso saber pedir quando se precisa de algo, e que não é para qualquer um, ou para quem não tem experiência naquilo que se precisa.

Como a vida é breve, precisamos partilhar experiências de vida, de caminhos, de ideias, mas o convencimento é pessoal e intransferível. Precisamos uns dos outros para nos completar não para sermos convencidos pura e simplesmente.

Devemos ser mais ou menos como o quiosque de informação turística: estar prontos para responder os pedidos de informações, no limite de nossa capacidade e não avançar  sinais.

Por outro lado devemos aprender a usar  quiosques  quando necessitarmos e não ficar batendo a cabeça sozinhos. Se existe alguém confiável, por que não buscar auxílio e-ou informação?  

Estive no Uruguai este fim de semana, país que adoro e de lá pude ver que realmente a inflação da moeda brasileira já puxou a nossa moeda na conversão - para baixo.

No aeroporto escutei jovens do centro do Brasil ironizando que a moeda uruguaia não vale nada, mas mal sabem que a nossa já valeu mais e está despencando rapidamente diante de outras moedas que se valorizaram frente a nossa - até a uruguaia. Mas quem sou eu para convencer alguém da realidade?

A moeda uruguaia pode não valer muito, mas lá ainda se dança tango de graça nas ruas em frente ao Palácio da Presidência, como dançamos na sexta-feira e tudo é ordeiro, sem drogas, apesar de lá a maconha ser liberada. 
Em várias praças da cidade se dança tango na calçada e pessoas de todas as idades se revezam nos pares e recarregam as baterias.

Como vou seguido para lá, dá para perceber que o governo Mujica (desde 2010) está fazendo  estragos na qualidade de vida daquele povo, mas ainda é possível:

1)andar nas ruas durante o dia e à noite sem ser assaltado ou molestado;
2)poder sentar durante o dia e à noite nos bancos de praças e jogar conversa fora;
3) andar de ônibus e pagar muito menos do que a passagem de ônibus da minha cidade;
4) a cortesia por toda a parte e o bom uso dos espaços públicos;
5) a culinária maravilhosa a preços melhores que os da comida de duvidosa qualidade do Brasil;
6) protestos verdadeiros com pessoas de todas as idade, sem quebra-quebra.

Como eu posso convencer algum brasileiro que merecíamos viver em um país mais educado, mais saudável, mais seguro, mais consciente das suas reais responsabilidade, mais democrático e feliz?

Que viagem!!!!!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Para não esquecer

Esta semana pude testar ainda mais a satisfação, a leveza, a alegria de fazer aquilo que só dependia de mim e que eu vinha protelando desde os primeiros meses do ano.

Enfrentei o imposto de renda deste ano e a pendência do ano passado, respondi consultas, estudos, forneci endereços que precisa fornecer, pedi e recebi informações importantes, ou seja, limpei aquelas pequenas dívidas e as protelações, que só dependiam de mim. Foi como limpar ou organizar a casa. Fiz uma faxina nas pendências, coloquei tudo em ordem e tirei vários pesos das costas.

Quando estamos devendo informações, favores, súplicas, trabalhos, seja o que for que nos obrigamos e não estamos cumprindo.... como pesa, ao menos para mim.

Por isso estou leve e pronta para atender as mais recentes reivindicações que já estão chegando.
Que sejam bem-vindas e solucionadas!


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Saudações!

O outono está forte. Promete ser o mais frio dos últimos anos(mais uma vez para provar a mentira das teses terroristas do aquecimento global), mas o sol quente ainda anima e estimula a ficar sentado na praça em frente de casa, lendo ou conversando.

Rendi muitas saudações ao sol ontem. Recarreguei as baterias para enfrentar mais uma semana agitada.

As estações do meio (primavera e outono) são minhas favoritas e sempre as saúdo com mais exagero, o que é uma contradição que talvez faça parte do equilíbrio entre as forças das estações do meio e as do  inteiro (verão e inverno). 

Moderação significa nem oito, nem oitenta e é a minha lei, meu modo de viver, sempre procurando o equilíbrio e atenta aos movimentos inferiores ou superiores dos meus ciclos vitais.  Meu exercício nem sempre fácil de frágil equilíbrio.

domingo, 14 de abril de 2013

O Essencial


 Hoje me dei conta que já passou o Festival de Sanremo. Estive tão envolvida com cursos intensivos este verão que passou batido. Ano passado estava na Itália durante o Festival e fiquei impressionada como ao vivo o Festival (na TV, ao vivo) é diferente do que chega resumido pelos jornais. 

A música acima venceu o festival de 2013. "O essencial" traz uma receita de como prosseguir enquanto o mundo se desfaz em pedaços à nossa volta. Ainda que tudo esteja ruindo precisamos construir novos espaços, desejos e nos afastar dos excessos e das atitudes ruins que nos desabonam, assim retornando a origem, ao essencial. Vale!!

sábado, 13 de abril de 2013

Quanto pesa a honestidade?

Esta semana um amigo enviou uma notícia que circulou por toda a internet e que eu não conhecia: leia aqui.

Gostei muito, quem não gosta de  um gesto honrado, digno, decente?

Acontece que a prova não valia troféu, daí não tem como saber como seria se estivesse "valendo", como na vida de cada um.

A honestidade deveria ser uma virtude  exercitada diariamente,  valendo prêmio ou não. 
Quando eu me olho no espelho, quando me alimento, quando me visto, quando interajo com outras pessoas, quando trabalho ou estudo, preciso ser honesta, decente, digna.

Ser honesto não quer dizer vulnerável, frágil. Pelo contrário.

A honestidade não pesa, liberta, e não merece ser exceção, mas rotina. A mentira, a falsidade, estas sim pesam e muito, precisando sempre mais e mais combustível e atormentam noite e dia quem as carrega, porque precisam estar sempre na defensiva.

A honestidade relaxa quem a pratica. Realmente liberta.

Que venham mais gestos honestos para sermos verdadeiramente livres e felizes.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

E agora, com que roupa???? Eu vou!!!!!

Algumas pessoas já nascem sabendo e não precisam fazer tudo com antecedência. Não tive este dom, ou nasci com ele e esqueci no caminho.

Para que alguma coisa funcione na minha vida preciso de tempo para planejar e para descartar dentre as opções que se apresentam (sim, o desapego deve fazer parte da rotina). Não é fácil. Daí resolvi que, para não viver estressada, devo fazer com bastante antecedência o que é essencial e que pode gerar desconforto se malfeito ou feito de qualquer jeito.

Quando eu viajava com mala em torno de 20 a 30 kg, costumava separar as roupas com antecedência de um mês mais ou menos, examinava os prós e contras, experimentava e as deixava separadas para revisar quando tivesse tempo durante a semana. 
Preciso visualizar. Cada um com suas inteligências e-ou trapalhadas. Neste meio tempo, ia descartando ou modificando a pilha até transformá-la na ideal, que nunca foi perfeita, mas foi ficando interessante.

Ontem terminou a função de definir lugares para visitar e acomodações. Fui convidada para planejar esta viagem, com direito a ir junto.
Hoje começo a pensar mais seriamente na roupa necessária para minha pequena mala de bordo. Um desafio que demanda tempo e ainda tenho!

E agora, com que roupa???? Eu vou!!!!!

terça-feira, 9 de abril de 2013

Luz, Câmera, Ação!

Ação!   Estou preparando uma viagem, escolhendo os cenários, os hotéis, pensando no meio de transporte para chegar até lá, se posso caminhar até os principais pontos turísticos, mas principalmente se o hotel vai   me recuperar dos dias corridos.


Uma viagem guarda dentro muitas viagens. Precisa de planejamento e atenção com o tempo que escoa rápido. Não se pode demorar muito, para não perder oportunidades, mas também não dá para ser afobado.

É preciso estudar as possibilidades do lugar, como aproveitar bem o espaço de tempo, e para isso é preciso pesquisar, pesquisar e examinar cada detalhe para não se arrepender, especialmente na primeira vez que se faz tudo sozinho - transporte-hospedagem-passeios e estudos. Sim, não pode faltar uma escola na viagem!

Dá trabalho ser diretor da própria história, cuidar de todos os detalhes, dos sucessos e dos fracassos, mas vale cada segundo dispendido atrás da câmera.

Nestes momentos fica nítido que não se faz nada sozinho nesta vida e que a troca de experiências é fundamental. É a luz no final do túnel, muitas vezes!

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Alimentação saudável

Paguei apenas 1 euro ano passado, por este livro com 177 páginas e 200 receitas. 
Apenas este livrinho faz uma dona de casa produzir receitas fáceis, saudáveis e naturais, sem precisar de produtos industrializados, nem se matar na cozinha. Tudo é muito simples e realmente saudável.

Não bastasse. as receitas veem  com explicações  sobre nutrição e equilíbrio alimentar e ainda classificadas, conforme os melhores ingredientes para um bom metabolismo desde o café da manhã, os lanchinhos dos intervalos, o almoço e a janta.

É a terceira vez que leio este livro, e cada vez que leio me parece melhor.
Como refere o autor, Vittorio Ortali, com tantos alimentos à disposição, corremos o risco permanente de nos alimentarmos de forma errada e em excesso, ocasionando mais doenças do que bem-estar. 
Sugere fazer do alimento a nossa farmácia, assegurando a saúde de todos na família.

Investi muito bem este único euro!


quinta-feira, 4 de abril de 2013

A sombra em cada um de nós

Comecei um curso sobre energia, positiva e negativa e como administrar e nos beneficiar com as cargas e descargas para viver melhor. Estou sintetizando a programação de cerca de 3 meses. Ontem tivemos a primeira aula, com as primeiras lições que vieram recheadas de experiências ordinárias de luz e sombra na vida de cada um de nós.

Não se vive sem ao menos uma sombra, mas temos tantas, algumas nem conhecemos (também somos tantos e tantos em apenas um, mas isto é papo para outra hora).

Não adianta sentir-se iluminado, com tudo em cima, se desprezarmos o que a sombra tem a nos dizer. E a sombra fala da nossa indiferença, das nossas tristezas, de tragédias, de angústias, recordações, a sombra dos outros em nós e ainda as lições do passado. Dormi pouco a noite passada, por ter mexido  com as emoções negativas e positivas que existem em mim. É bom saber e sentir como estão, para a partir daí, ter maior domínio sobre mim mesma. 

Um pequeno conto de Malba Tahan, in a Lenda do Bom Rabi é ótimo para este aprendizado, por isso transcrevo aqui no blog:


"A SOMBRA DO CAVALO

Certo comerciante queixou-se ao 'Primislaner' de que outro indivíduo abrira um armazém rival na mesma rua em que ele tinha casa comercial e que, com isso, iria roubar-lhe toda a freguesia e arruinar-lhe, assim, o meio de vida. O rabi olhou muito sério para o descontente e interrogou-o:
 'Já viste um cavalo levado ao rio para beber, bater com as patas na água e escavar a terra?'
'Sim, replicou o merceeiro. ´É porque está com muita sede.'
Não, meu amigo - elucidou o rabi - A razão é outra. Nada tem a ver com a sede.
Ao baixar a cabeça para beber, o cavalo vê a própria sombra, e, assustado, toma-a por outro cavalo, que também esteja bebendo; e, com medo que não haja água suficiente para ambos, tenta escorraçar o intruso. Bate com as patas, agita a lama e torna suja e impura a água que era clara e límpida. Na realidade, toda a inquietação do animal não tem razão de ser; o rio oferece água de sobra e, mesmo que fossem muitos animais, poderiam todos beber fartamente'. 
Tu também receais um concorrente imaginário. Lembra-te, porém, de que a fartura de Deus corre perene como um rio e dá abundantemente para todos".

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Inspiração nossa de cada dia!

Ontem antes de um compromisso, entrei em uma confeitaria tradicional da minha cidade, pedi um café expresso (ou espresso) e um quindim. Como é de praxe nessa oportunidade, ao menos uma vez por semana, leio o jornal do dia, e desta vez me extasiei lendo o texto do escritor Fabrício Carpinejar.
Apesar de voltar tarde para casa, procurei  e colei aqui para reler e compartilhar com quem mais quiser ler.
É lindo demais este texto. Ajuda a revisar conceitos e comportamentos.
Lendo o texto, tive mais uma vez a certeza de que sou amada. Quanto a mim mesma... preciso aprender a viver e amar com o andar miúdo da vó do escritor.

Carpinejar tem um blog muito interessante e é um premiado escritor gaúcho.

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 2, 02/04/2013
Porto Alegre (RS), Edição N° 17390

DANE-SE A FILA!

O que sou não deve ser regra de convivência. O que sou morre comigo.
Descobri que amar não é fazer com que o outro siga meu ritmo insano.
Isso é ditadura.
Amar não é puxar a namorada para o nosso fôlego, não é arrancá-la de seu temperamento e forçar semelhanças.
Isso é indiferença.
Amar não é punir atrasos e castigar descompassos.
Isso é tortura.
Amar não é ameaçar com frases egoístas como “A fila anda”. É o contrário: é perder o lugar na fila, é ceder seu lugar na fila, é regressar ao início da fila.
Amar é estranhamente recuar. É encurtar as pernas para melhor passear, alongar os braços para melhor entrelaçar os dedos.
O apaixonado não impõe seu temperamento, acostuma-se a caminhar diferente, olhando ao lado. O lado passa a ser a nossa frente. Quem nos ladeia é o nosso horizonte.
Surgirá um contratempo de sua companhia, uma dificuldade inesperada e se verá contrariando seus planos para ajudar – só tem pressa quem não tem urgência.
Amar é proteger mais do que avançar, é cuidar mais do que atingir objetivos, é apoiar mais do que se vangloriar da distância.
Foi a minha avó Mafalda que me explicou. Ficava muito irritado pelo seu trotear na Rua Corte Real. Era velhinha, manca e, além de tudo, distraída. Ela me obrigava a
participar de sua andança fisioterápica depois do almoço. Um quarteirão correspondia a queimar calorias de quatro quilômetros.
– Meu neto, é bom acompanhar um familiar doente, pois amar é ir aos poucos, é lentidão por fora e interesse por dentro – ela dizia.
Não fazia lógica para mim. Amar parecia voar, correr, atropelar. Amar significava velocidade, superação, afoiteza. Amar traduzia liberdade, transgressão, não se
intimidar com os limites.
Eu me enganei, vó.
Seu andar miúdo, pequeno, de bengala, pesando cada pé no chão, me ofereceu uma aula emocional.
Nenhum casal corre de mãos dadas.
Amar é aguardar se necessário, voltar atrás se preciso, criar um novo passo para atender os dois.
Se fui apressado para conquistar minha mulher, agora devo ser lento, estar com ela é meu destino.