sábado, 15 de setembro de 2012

O meu melhor amigo às vezes para de bater


Quando aparecem os resultados de uma adolescência (ou verdes anos da juventude) descuidada com a saúde?
Esta semana foi a vez de reaprender de que o que está feito, está feito, e só se pode remediar, enquanto  houver mais tempo, enquanto ainda não chega o ponto final.
Dia 13 enquanto estava ligada a um aparelho para medir pressão a cada 15 minutos, a minha primeira sogra encerrava sua história entre nós.
Ainda este ano tive o privilégio de abraçá-la, de conversar com ela e de me emocionar com o seu amor e lucidez.
- "Estou com 91 anos. Quero viver mais. Quero viver muito mais." - disse-me com o olhar brilhante e firme e com a voz possante que sempre ressoará em mim.
Viveu mais. Adorava o mar e não perdia um veraneio.
Mais sete meses viveu e agora partiu deixando entre nós tantos ensinamentos, coragem e princípios que não se encontram em qualquer esquina.
Não foi uma santa, não foi infalível,  mas humana e decidida, e imprescindível em minha vida.
Eu a amei desde o primeiro momento em que cruzamos na praia e a amarei pelo resto da minha vida, mesmo que seja ínfimo.
Ontem no cemitério, meu coração teimava em não bater, ou em bater de qualquer jeito e eu ainda não tinha lido o livro de Adriana Lisboa, mas que não por acaso já estava na minha bolsa, antes de eu saber do falecimento de Dona Sofia.
Sem sono, li nesta madrugada as 79 páginas do livro "O coração às vezes pára de bater". Era o que eu precisava.
E pensar que este livro chegou esta semana e o destino seria o de ficar em uma empilhado, na espera de mais de 3 anos, considerando tantos outros que chegaram antes.
Contudo, nada é por acaso, e conhecer esta escritora, através desta leitura infanto-juvenil foi como receber a garrafa do  mar, com a carta que escrevi em pensamentos. Sim. Eu quis escrever uma carta para cantar meu amor por Dona Sofia e escrevi do início ao fim, em pensamentos.
E aqui o mar quase entornou, Adriana!
Muito obrigada às duas.

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