sábado, 26 de maio de 2012

Relatos da África por 40 anos

Nos últimos dias estive embrenhada na África, física e emocionalmente pelos relatos do polonês Ryszard Kapuscinski. Quem gosta de viajar também viaja através de bons autores, com os livros, seja em simples romances que nos fazem viajar em emoções e encantamento que passam despercebidos no rápido cotidiano, como por estradas longínquas, inacessíveis e inimagináveis.
Ébano é uma grande obra, e nos faz compreender melhor a grande África e sua gente. Uma obra impactante que deflagra muitas reflexões sobre as ações humanitárias, sobre a (in)utilidade da globalização e da interferência de ações externas.
Ryszard faz-nos enxergar a única árvore e sua grandeza, a água como um bem valiosíssimo (que o homem do deserto ama mais do que a uma mulher) e a pequena riqueza de cada homem médio africano, reduzida a uma tigela, uma camisa, uma mão cheia de grão e um gole d'água.
A sombra e a água são bens valiosos, assim como a brisa do ar.
Ryszard é um homem corajoso e desbravador e só a paixão pela África permitiu que por lá ficasse tanto tempo, sobrevivendo a diversos desafios à sua incolumidade física. Seus relatos mexeram com meus sentimentos, minhas convicções e crenças.
Na África reina a guerra e também a paz,  o simples e o complexo. É um mosaico sem definição porque a impermanência é visível, aparente em cada detalhe. A riqueza da selva, da fauna e flora  delineia uma sabedoria invisível e inatingível.
Um excelente livro, para ler e reler.

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